Porque há dias em que paramos para escrever:
Hoje corri sozinho ao lado do rio…
O frio do ar cortava a carne do meu corpo a cada gesto meu.
Sentia-me velho e cansado a cada passo.
Tinha os olhos inchados e as pernas dormentes.
O calor do sangue que corria no meu corpo,
Contrastava de forma tal com o frio que me rodeava,
Que parecia gelo e névoa o que pairava sobre a minha cabeça.
Estava a morrer por dentro.
Não desistia nem parava de correr!
O coração batia acelerado.
Cada vez mais e mais e mais…
Como uma máquina que não quer parar.
Todas as forças que tinham corriam por entre as veias e as artérias do meu corpo.
O silêncio da ausência de tudo em mim, esbarrava no barulho da cidade e da ponte.
Os meus olhos eram muralhas já gastas, débeis.
A cada momento uma lágrima conseguia sair, no princípio de um choro incontrolável.
Só queria gente, confusão e movimento.
Sozinho não conseguia lutar mais…
Corria sem rumo – em frente.
O rio parecia querer acompanhar-me e correr junto a mim.
Ouvia o som do comboio que passava em alta velocidade e o rosnar dos carros.
As buzinas e os pregões soavam alto na rua, como tambores a marcar o compasso do meu movimento.
Já não aguentava mais e fazia de tudo para não olhar para trás…
Finalmente a estação ao longe…
A estação onde esperava encontrar gente e um rumo…
Cheguei perto, entrei e não vi ninguém.
Cada um tão ausente e sem sentido.
Nem um gesto, um sorriso ou um abraço.
Estava, de novo, sozinho…
Cansado sentei-me e chorei todas as lágrimas – deixei o meu corpo morrer por dentro.
O comboio chegou e parti…
João Ferreira
19 de Dezembro de 2009
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