25 de Abril

25 de Abril de 2010

Uma data que podia ser igual a tantas outras, ou não fossem as almas e os génios dos homens e mulheres que acreditaram nas suas capacidades e que deram corpo ao sonho de serem livres - livres no pensamento e nas acções; livres do medo e da opressão; livres de uma ditadura parva e sem sentido! Queriam ser livres e com direito à sua privacidade e ao seu espaço. Livres de verem as suas vidas invadidas e mal tratadas, só porque alguém se entendia superior e no direito de o fazer.
E a todos esses foi aberta uma página para a História do País, que não devemos saltar à frente.


Em 2010 quantos são os que continuam a dar valor a esse sonho? Quantos são os que continuam a acreditar que os sonhos podem ter corpo e alma? Quantos são os que não se acomodam a ficar sentados à espera que o tempo resolva o que as suas almas vazias não são capazes de fazer?

Não vivemos, nem temos de viver num Mundo feito de heróis e de histórias que atravessam gerações, mas não nos podemos resignar a viver numa geração que não dá valor às palavras e que se abstrai dos princípios fundamentais do respeito pela pessoa humana, pela sua vida, pelo seu direito à liberdade.

Uma guerra é uma forma de matar a liberdade de um povo, é uma forma de condicionar a sua cultura, os seus pensamentos e os seus sonhos. Uma guerra não se justifica por fins económicos ou financeiros, não se justifica pelo interesse superior de uma nação, que não foi chamada a pronunciar-se sobre um suposto interesse, tomado como importante por alguns.
Uma guerra é feita entre Homens e não entre Povos. É um Homem consciente que decide avançar, que decide matar, que decide roubar, que decide invadir o espaço e a liberdade do outro.

A falta de liberdade parte sempre da consciência de uns, ou da resignação de outros.
Da forma como as sociedades estão hoje organizadas, cada um de nós deposita num voto a responsabilidade pelo nosso futuro e pelas páginas em branco que constam da História do nosso Tempo. É falsa a ideia de que não podemos fazer mais nada, de que não podemos participar. É falso!
É falso pensar-se que a política são os políticos, bons ou maus, que cumprem um dever cívico da maior importância, com o direito atribuído pelo voto de cada um de nós. Os partidos estão doentes e há muito que esqueceram o significado dos princípios que lhe deram origem. Já não se ouvem discursos voltados para as pessoas, voltados para o valor da vida. Hoje já não são as palavras e os sentimentos que ganham votos. Os momentos inesquecíveis de Abril ficaram em Abril. Os discursos acesos e sentidos ficaram em Abril. A beleza da política e do sonho do Homem ficou em Abril.

Porquê?

Eu recuso-me a aceitar que o meu país desistiu de sonhar! Recuso-me a aceitar que o meu país esqueceu o valor da Liberdade. Recuso-me a aceitar que no meu país se julguem pessoas em directo nos jornais e nos meios de comunicação social. Recuso-me a que as pessoas do meu país estejam resignadas…

Não faço parte, não posso fazer parte, de uma geração de inconformados e autómatos que depositam o seu futuro numa folha de papel ou num voto electrónico!

Hoje quero expressar a minha tristeza pela não participação das pessoas da minha geração no presente e no futuro do seu país! Não quero viver numa sociedade de autómatos e incógnitos e esquecidos.

Não quero viver numa sociedade doente…

Por mim não será assim!.. Por mim continua a fazer sentido Abril!..

Por mim o Sonho não morreu.

Sonhem!


João Ferreira
23 de Abril de 2010

Comentários

  1. Muito bom João... Gostei... :D

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  2. Ola amigo!
    Como é que nós concordamos tanto tanto (eu assinaria este texto, sem hesitar... :) e discutimos tanto, às vezes? Há uns dias pensava nisto... Penso que se deve, em parte, ao sermos duas pessoas que ainda nao desistiram de sonhar, mas que (falando por mim) às vezes, se encontram em caminhos que desconhecessem, não sabendo bem qual o melhor a seguir, querendo realizar o seu sonho, mas sem esquecer as pessoas importantes para a sua vida... É normal. E, a ti, um aplauso por não desistires. Eu penso que é mesmo esse o segredo - não desistir, porque enquanto caminhamos, havemos de nos aproximar do local que sonhamos, nem que façamos um enorme desvio.
    Tocou-me especialmente a parte em que falas da guerra, porque é algo em que eu tenho vindo a pensar. A que preço se fazem as guerras? Nao deveria UMA vida humana ser mais valiosa do que tudo? É estranho a forma como os seres humanos se foram desenvolvendo, e aos seus valores, ao longo dos séculos... Seria de prever que, após as duas grandes guerras, a sociedade despertasse para a necessidade de cultivar valores positivos, que são ainda são tabu e associados a grupos alternativos e "hippies", o que ainda não aconteceu... Perante isto, é mesmo fundamental que cada uma das pessoas que percebe a necessidade de se envolver, viver pró-activamente, se ponha a mexer! Por um mundo mais positivo.

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