Sui Caedere 2011





Amanhã vou dormirnão vou sonhar
vou ser feliz
vou ser eu sem ti
vais ser tu sem eu
não vamos ser mais nós
vamos ser livres deste sonho





O Tomás apresenta-nos a Vida de uma forma apaixonada, que se traduz numa busca incansável pela perfeição. Numa dualidade de sentimentos e estados de alma, que coabitam no seu corpo frágil, é ele quem mais luta por entre sonhos que o rodeiam e lhe trazem da vida uma aparente verdade. Procura esconder-se dentro desses sonhos, até que um dia deseja apenas acordar dissociado do seu eu mais triste e desapontado, do Homem que questiona o valor da Vida e que a encontra tantas vezes vazia e cinzenta. Do Homem que a não percebe. Do emocional ao racional, o Tomás representa, na sua essência, o questionar do valor da Vida.

Depois de Amanhã vou ser só eu
já não vou querer escrever-te mais
já não vou querer fazer-te sofrer mais
já só vou pedir o teu sorriso
Depois de Amanhã já só vou pedir que sejas feliz

Numa história que nos fala de Amor, feita de afectos, pára-se o tempo suficiente para pensar e sentir. O Suicídio está presente na sombra que cobre o palco a cada reflexão, a cada paragem… E são esses pequenos momentos que conduzem o Tomás no seu processo de aprendizagem sobre o verdadeiro sentido do eu. Entre formas rectilíneas e cores que lêem, a atenção nos olhares e nos silêncios são tudo. E é no silêncio profundo que o corpo e a alma mais choram.

No dia em que cair para o lado
No dia em que ficar encostado àquele muralha que construímos
Vou recordar o Amanhã
Vou recordar o depois de Amanhã
Vou-te perguntar se já és feliz
Nesse dia vou querer sorrir e descansar em paz.

Toda a acção reflecte o pavor e a inquietação doentia na vida deste rapaz tão jovem, tão aparentemente normal, que se parecem justificar em pequenas e evidentes aparências. O palco despe-se à medida que o sono caminha para o fim. A energia que coabita na sala com todos atravessa gerações e visões. É num zum zum constante de ideias, raivas, amores e silêncios ensurdecedores que a Vida perde cor e nos dá respostas. Como no inicio, continuará sozinho… 

Até amanhã!..

Despedem-se dele, tranquilos da distância à cena… Feridos pelos ruidosos choros e desapropriados sorrisos, sabem que a Vida vale por si só…

Mas no fim, em palco, a vida é aquela mesma, que não se despede, que não nos diz até amanhã e que não nos deixa ir embora sozinhos.

João Ferreira

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