Máquina de Escrever



Et sur ce mur lorsque le soir descend
On croirait voir des taches de sang
Ce ne sont que des roses !


Há pedaços de papel espalhados pelo quarto,
Que nunca vão ser a história de nada nem ninguém.
São feitos de palavras que carregam imagens do passado.
São quadros a branco, sonhados a cores porém.

Que o vento os leve de volta até ti,
Estes pedaços imóveis feitos de palavras curtas,
Cheios de desenhos desse teu olhar,
Porque o tempo não parou meu amor, como te prometi...

E hoje sou um velho cansado, de olhos ainda verdes
E a máquina é a mesma: preta, pesada e de metal,
Onde engano o tempo, onde te pinto e te desenho,
De onde voam estes gastos pedaços de papel.

Não é a morte nem a ausência que fazem doer, 
É a consciência e a certeza absoluta do quanto amamos alguém, 
É a imposição de um silêncio de uma sala vazia, 
De um passado que fica cá e que vive num presente só nosso.

Escreverei até ti.


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