Janela entreaberta


As telas, entre as escamas de tinta
(Pedaços secos de vermelhos esquecidos)
E, sujos, os panos, por entre pincéis,
Ao fim de um dia estão.

Escorre resina dos rasgos na madeira,
Sem brisa que adorne os incensos,
À direita, na janela de caixilhos pretos,
Defronte ao topo da cidade.

Branco sujo, entre os rasgos do papel, que de
Frios traços cinzentos, feitos em palavras,
Caídos no ruidoso castanho severo,
Se esvoaçam por entre o branco pérola das sedas.

De prata, ásperos cabelos, cruzando-se entre os dedos.
Serrados, perdidos, verdes e azulados, são seus olhos.
Rugosa, castanha e de história, é a doce pele.
A um piano de luz, seu ouvir é maior.

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