O quadro do menino escondido.

(Sobre uma tarde num jardim de Londres)

Como ondas de espuma branca,
Balançam as leves cortinas do meu quarto,
Enquanto a cidade respira lá fora
E eu pinto mais uma história neste quadro branco.

De um menino que brincou sozinho
Em tardes de horas infinitas,
Com os amigos, os animais e as plantas encantadas,
Que lhe sorriam e abraçavam,
Cantando e tocando em flautas de papel
As musicas das histórias que só ele conhecia.

Escreveu centenas de livros,
Pintou dezenas de quadros.
O menino que nunca soube estar sozinho
Voava sempre que a noite chegava
Para o aconchego do nascer do sol,
Na terra onde nunca se põe, onde nunca se move.

Desenhou de uma só vez
As nuvens perdidas no azul,
A água serena e melodiosa,
A praia sem areia, verde e fresca
E um sol quadrado, como uma porta.

Deitado por entre os longos traços da relva fresca
Perdiam-se as ondas do seu cabelo
E completava-se o quadro do menino escondido.

O quadro do sol quadrado continua pendurado na parede,
A janela está entreaberta e a cidade ainda respira
E não tarda o sol vai-se pôr
E o menino que brinca lá fora, sozinho, irá para casa.

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