Balada da despedida


Eles passam correndo,
Feitos de carne de gente que não conheço,
Gente que das lágrimas faz a água com que limpa o rosto.

São como pássaros vadios, voando numa noite de inverno,
Com destino marcado num pouso de Verão,
Que lhes secará a água que corre pelo rosto.

Esse fio de água que atravessa a alma
E crava o leito de um rio de história,
Escondido no precioso, complexo, espaço da alma.

Partem sempre cedo, para crescerem sozinhos,
Em bandos silenciosos,
Em voos arriscados, com batidas de asas de medo.

É esta a gente desta terra tão bonita,
Nestes dias de céu azul e sol pleno,
Que esconde o rosto entre as sombras das árvores cansadas.

Mas ao longe as ondas e a espuma branca cantam a balada da despedida,
E a obra continua em aberto, repleta de espaços brancos, infinitos,
Clamando pelo abraço do negro giz que os conte.

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