Talvez seja o
cinzento pintado no céu
Que traz o frio
que arrefece a alma,
Ou então a brisa
do Norte, que sopra ao largo.
Talvez seja só
este trigésimo primeiro, que logo parte.
O manto de folhas
secas já se despede,
Abrindo caminho
aos indomáveis traços de água,
Que o velho
Inverno pinta incessantemente numa tela gasta.
E sereno observo
as cores que se multiplicam e os talhos que mudam.
Desenha homens e
mulheres, largos de cidades, janelas de quartos.
Sorrisos rasgados
cortam a folha, manchados com vermelhos aveludados.
Camadas de tintas
secas criam rugas, que tocam as pontas dos dedos.
E logo renascem
os reflexos de azul, verde e amarelo.
Desenha sons de
palavras e abraços de silêncios.
Enlaça o
encontro à saudade.
Deixa o vento
secar a tela e abrir de novo rasgos.
E logo o cinzento
se funde com o negro,
Para amanhecer num
azul sereno.
31 de Dezembro de 2015.
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