Primeiro dia de sol

Caio na água de coração vazio,
Sem o abraço pintado a tinta preta,
Que me segura e domina,
Escrito em folhas, usadas, de papel.


(Foi entre cidades, montes de deuses e encontros de solidão,
Que enchi o peito de ar e nadei de sorriso aberto,
Cansado, exausto, vermelho,
Aprendendo a escrever no compasso do relógio,
Com medo do tempo se partir.
E dei a mão na mão, dei um espelho de olhar,
Dei minutos de silêncio a dois,  entre dedos apertados,
Deixei caídas letras e palavras,
De olhos postos no chão, entre corpos sobrepostos e manchados,
Perdidos, fechados entre quatro paredes.)


Flutuo à tona desta água sem cor,
Agarrado à cidade que se abraça ao rio,
Neste primeiro dia de sol.

João Ferreira
Porto, 1 de Janeiro de 2019

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